sexta-feira, 29 de agosto de 2014

VERDADE CHINESA.

*Dr. Paulo Lima

Hoje amanheci lembrando essa linda canção – “verdade chinesa” - que foi imortalizada na extraordinária voz de EMÍLIO SANTIAGO, um dos maiores intérpretes da nossa música popular e, por este motivo, resolvi dar este título ao meu artigo. Mas não foi somente por isso. É que neste final de semana tive a satisfação de conversar com dois grandes amigos e, entre um gole e outro de cerveja, que ninguém é de ferro, ouvi, atentamente, algumas verdades. Disse-me um deles, com grande propriedade e sabedoria, que nesta altura do campeonato não queria outra coisa de vida a não ser fazer o que tem vontade: viver. E viver cada dia com prazer, buscando ser feliz, através das coisas simples da vida, como por exemplo, conversar com amigos ao redor de uma mesa, tomando cerveja. Eis aí uma verdade chinesa.  Reprisando um ditado latino: “in vino veritas”.  Ou, mais propriamente, “a verdade está no vinho”! Tem toda razão este meu amigo.
Eu não sei se algum de vocês, que me leem neste momento, já parou para refletir sobre a letra desta bela canção, mas o fato é que ela nos dá uma lição de vida.  Pois é. A grande verdade é que passamos a maior parte de nossas vidas “seguindo a cartilha que alguém ensinou”; “seguindo a receita de uma vida normal”. Mas, afinal, o que é uma vida normal? Será que é, por exemplo, seguir a doutrina de uma religião, mesmo que para isso tenha que “comer o pão que o diabo amassou”, “perdendo da vida o que tem de melhor”? Penso que não...
A verdade, confesso, é que nunca fui muito de seguir uma doutrina religiosa, mas creio no primeiro mandamento da Lei de Deus e, na medida do possível, procuro observá-lo, pois acredito que o amor a Deus consiste em não fazer ao seu semelhante aquilo que não se deseja que seja feito consigo, ou seja, tratar as pessoas com generosidade. E por falar em generosidade, o Brasil perdeu nesta segunda-feira um homem extraordinário: Antônio Hermírio de Moraes.
Filho de Pernambucano, construiu um dos maiores impérios da indústria brasileira e chegou a ser um dos cem homens mais ricos do mundo, segundo a revista “Forbes”. Entretanto, nunca perdeu a sua simplicidade e o sentimento de solidariedade para com os mais pobres. Presidiu durante anos o Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, contribuindo, inclusive financeiramente, com um dos maiores hospitais beneficentes da América Latina, que, embora seja privado, tem a quase totalidade do seu atendimento voltado prioritariamente para os mais necessitados, através do SUS – Sistema Único de Saúde.
Nos últimos anos ele tinha saído de cena, em razão da doença silenciosa e, ao mesmo tempo cruel, que lhe acometia, e a sua morte somente não passou despercebida por conta de algumas notícias, retransmitidas nos meios de comunicação, sem muito destaque. Assim é a vida.
Finalizo este texto, relembrando uma frase de Antônio Hermírio: “O empresário que não acredita no Brasil deve comprar passagem só de ida”. 
Me desculpem os que pensam o contrário, mas, este sim, foi um grande homem público que merece dos brasileiros o devido respeito e todas as homenagens, pois, em verdade, ele nunca desistiu do Brasil!
Um abraço a todos.

*PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente exerce o cargo de  Procurador  Federal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário